terça-feira, 29 de abril de 2008


"Sabe aquela frase que costumamos escutar muito no fim e início de um ano...
Então, é tempo de pensar.
É tempo de recomeçar."

Wictor Breen

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Chimarrão

Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim.

(
Glaucus Saraiva)


segunda-feira, 21 de abril de 2008

Xô Baixo Astral...


...Deu pra ti
Baixo astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau...

(Kleiton Ramil e Kledir Ramil)

domingo, 20 de abril de 2008

Ruas de Porto Alegre


O MAPA

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(É nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

(Mario Quintana)

PS: amo minha cidade... Wii

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Espelho D'água


Espelho D'água

Gosto de ti, se me procuras à noite

Quando estou só, não ouço a voz, não vejo as cores

Posso sentir, sua presença em minha alma,

Se vens até mim, e a vejo num espelho d'água

Não posso tocá-la, por que está além dos olhos meus

Na madrugada somos três... a tristeza, a solidão e eu...

Se estás aqui, e adormeço em teus acalantos,

Não temo o Sol, não temo a luz nem seus quebrantos

Se tu me acolhes, já me inundo de desejos

Óh! Fada nua... Óh! Luz sombria do meu espelho

Quem dera... Se fosses a rosa branca dos meus vícios

A fumaça nos pulmões... o escudo, a espada e o espírito...

Eu vejo vozes e ouço vultos,

Eu fumo um cigarro e corto meus pulsos

Um corpo caído, um sonho do avesso

Duas taças de vinho, sangue e cianeto

Já não luto contra o luto, não amputo meus impulsos

Desmaio ao devaneio no meu leito moribundo

Noturno... soturno, na dor e na saudade

Nas flores do sepulcro até que a vida nos separe

A lágrima no rosto é mágoa

A lágrima no chão é um espelho d’água...

(Rodrigo Q.)

sábado, 5 de abril de 2008

Ai Se Sesse

Se um dia nós se gosta-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se
Se jutim nós dois mora-se
Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se
Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se
E o céu furado arria-se
E as virgem todas fugir-se

(Poeta Zé da Luz)


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Caminhos

tento abrir caminho,
sem saber onde me leva,
muitas vezes sózinho,
quantas vezes na treva.


umas vezes, caminho errado,
outras, o menos certo,
fico assim desesperado,
sem caminho aberto.


nova tentativa,
neste meu fado,
que amargura aflitiva,
quiçá, o caminho bom, aqui ao lado.


a teimosia me acompanha,
a que eu chamo persistência,
de loucura tamanha,
isto é inteligência !?


vou com perspicácia !?,
se sei o que isso é ?
se calhar com audácia,
mesmo assim sem arredar o pé...

(João Oliveira)


ps: quem analisar, minha mãe aparece caminhando na foto.